“Lixo é uma palavra genérica para designar aquilo que não nos interessa mais e que jogamos fora”, diz Leonardo Brant em seu novo documentário “Descarte” (assista aqui ao trailer). Lançado em janeiro de 2021 nas plataformas de streaming Now, Vivo Play e Looke, o doc conta a história de 12 artistas, artesãos, ativistas e designers, empenhados em transformar resíduos, refugos, sucatas e sobras de consumo e processos industriais em novas ideias e produtos.

Autor de outras obras, entre elas, o documentário “Comer o Quê?” (2016), sobre hábitos alimentares brasileiros e sua relação com a cultura, meio ambiente e a sociedade, Brant recicla seu lixo desde 1997 e está ligado a movimentos de arte, cultura e sociedade, além de ser fundador do Instituto Pensarte e idealizador do Projeto Asa, ateliê de arte-cidadania que atendeu a mais de 5 mil crianças em todo o país.

Em “Descarte”, filmado durante a quarentena, o documentarista mineiro traz uma reflexão sobre questões ligadas ao universo dos resíduos e ressalta a importância de reutilizarmos e reduzirmos a quantidade de lixo para tratar, reciclar ou para enviar para o destino final, soluções urgentes para nós, brasileiros, que apenas em 2018, produzimos cerca de 79 milhões de toneladas de lixo (Abrelpe), número que nos rendeu o título nada honroso de maiores produtores de lixo da América Latina. Pensando nisso, aproveite para descobrir 6 formas para reduzir seu lixo eletrônico.

Para te inspirar a refletir com a gente sobre esse tema, o Blog da Trocafone bateu um papo com Leonardo Brant, que nos contou um pouco mais sobre seu documentário e nossas responsabilidades com o lixo que produzimos. Confira a conversa abaixo :

Como e por que você se interessou pelo tema do descarte?
Em meu processo de autoconhecimento e desconstrução, e em minha tentativa de mudança de padrão de vida e comportamento, me voltei para diversas questões: racismo, machismo, consumo, desperdício. E a questão do lixo sempre me pareceu algo de grande importância, pois ali eu enxergava um efeito negativo imediato da minha existência no mundo. Isso começou a me incomodar bastante e ao promover mudanças na minha relação com o lixo, fui ficando maravilhado com o tema. 

Você recicla o seu lixo desde 1997. O que teve que fazer para que isso se tornasse um hábito?

Eu trabalhava na revista Imprensa na época em que li um artigo do jornalista Washington Novaes (1934-2020) falando que o mínimo que um jornalista ambiental tinha de fazer era cuidar do seu próprio lixo. Eu havia trabalhado com a Beth Grimberg, hoje coordenadora da área de Resíduos Sólidos do Instituto Pólis, que já havia me alertado desde aquela época para a problemática do lixo. Passei imediatamente a cuidar dessa questão. 

Na sua opinião, qual é o tamanho do problema do descarte no Brasil?

É enorme. O Brasil está engatinhando na questão dos resíduos, embora tenhamos conhecimento, capacidade técnica, muita gente boa trabalhando e apontando soluções concretas para a questão, a gente demorou muito para construir uma política, demorou para colocá-la em prática e estamos demorando muito para compreender o tamanho desse problema, que é urgente. 

Como foi filmar durante a quarentena?

Foi maravilhoso. Se não tivesse trabalhado tanto (além do filme fizemos uma série para TV) teria enlouquecido. Eu trabalho junto com a minha esposa e temos uma filha de 8 anos. Está sendo um período muito difícil, mas somos muito privilegiados e estamos conseguindo passar por isso tudo mais unidos e determinados. 

Você descobriu algum fato novo sobre a reciclagem durante a filmagem?

Descobri tudo o que eu sei durante o processo de realização do filme. O que eu sabia era muito básico. 

No doc você aborda a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Qual sua importância?

Muito importante. É uma baliza, um norte, um organizador das necessidades e caminhos que a nossa sociedade precisa traçar. 

Como foi se envolver com a história e o trabalho dos artistas, designers, artesãos e ativistas envolvidos na filmagem?

Muito inspirador. Cada um deles me inspirou de um jeito único para a vida. Espero que os espectadores do filme sintam-se igualmente inspirados por essas pessoas incríveis. 

Como podemos repensar nossas responsabilidades diante do lixo que produzimos?

Começar sempre dentro de casa, com a família, revendo e renegociando hábitos, adequando o modo de vida. Depois é preciso agir comunitariamente, valorizando sobretudo os catadores. Daí sim se envolver diretamente com a política da cidade, estado e país. 

O que é o Instituto Pensarte e o Projeto Asa? 

São iniciativas culturais que eu ajudei a criar no passado. O primeiro buscava valorizar o setor cultural. E o segundo era um ateliê de arte digital e matérica para crianças de baixa renda. Um projeto premiado que chegou a atender 5 mil crianças em vários lugares do país. 

Na Trocafone nós comercializamos dispositivos eletrônicos como smartphones, que recondicionamos até deixá-los em perfeito funcionamento, e os vendemos por cerca de 30% menos que um produto novo. Você já comprou um celular usado? 

Nunca comprei, mas acho que faz todo sentido reutilizar.

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