Por Bruno Capelas [Estadão] – O Estado de S. Paulo.

04/12/2020 | 05h00

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A startup brasileira Trocafone, que compra e vende smartphones usados, anuncia nesta quintafeira, 3, que levantou um aporte de R$ 30 milhões liderado pelos fundos Barn Investimentos e Bulb Capital. A Wayra, empresa de inovação da Vivo, também participou da rodada. Com os recursos, a empresa vai expandir suas operações e também sua oferta de serviços.

Fundada em 2014, a Trocafone atua em duas frentes. No lado da compra, faz parceria com fabricantes, varejistas e operadoras para comprar aparelhos entregues pelos usuários em troca de descontos na compra de um celular novo – entre os parceiros, há marcas como Vivo, Via Varejo, Magazine Luiza e Samsung. Após receber os smartphones, a empresa faz uma checagem de funcionalidade e os coloca para revenda em seu site oficial e em lojas físicas.

Desde o início da operação, a startup já vendeu 1,4 milhão de celulares usados.

Guille Freire - Trocafone
Guille Freire, CEO da startup Trocafone

Durante a pandemia, a empresa disse ter visto alta na procura por celulares usados. “Foi praticamente o dobro do ano passado”, afirma o presidente executivo Guille Freire, em entrevista exclusiva ao Estadão. Segundo ele, que é argentino, os aparelhos mais procurados estão na faixa de R$ 1 mil, com até dois anos de lançamento. “Temos aparelhos que vão de R$ 400 até R$3 mil, mas nem todo mundo pode pagar R$ 1 mil num celular.

Em meio à quarentena, a empresa também teve de mudar seu sistema de funcionamento: em vez de receber celulares dos parceiros, teve de criar um sistema logístico para buscar os
aparelhos na casa dos clientes. No lugar do desconto na hora, teve de implementar um sistema de cashback, com depósito direto na conta do usuário. Com os recursos do aporte, a empresa pretende expandir seu time – hoje, tem 400 funcionários divididos entre São Paulo e Buenos Aires, com planos de crescer 50% ao longo do ano que vem.

Os valores também serão usados para apostar em três serviços, ampliando o portfólio da empresa. Um deles é o reparo express, que permite a troca de tela ou conserto de algum
componente em algumas horas, seja nas lojas físicas da empresa ou a domicílio. Outro é um seguro para celulares usados – algo pouco visto no mercado brasileiro, mas que está alinhado com a proposta da empresa.

O terceiro é o apoio ao serviço de leasing de celulares, algo bastante comum lá fora e que aos poucos chega no mercado brasileiro – marcas como a Apple, por exemplo, já permitem que o usuário fique com um iPhone por até 24 meses e depois troque de aparelho. “Para isso existir, alguém precisa ficar com o celular usado e o recoloque no mercado. Vamos dar apoio para que mais marcas lancem esses programas”, diz Freire. Segundo ele, o crescimento da Trocafone em 2021 deve vir dessas diferentes verticais, bem como das vendas online – por conta da pandemia, as pessoas não estão só comprando mais pela web, mas também tiveram mais tempo de pesquisar opções diferentes no mercado de celular.

Apesar de ter um escritório em Buenos Aires, a empresa atua apenas no mercado brasileiro. Demanda para avançar no mercado latino, diz o argentino, não falta. “Não tem ninguém fazendo o que fazemos na América Latina e grandes varejistas já nos procuraram”, afirma o executivo, que não vê uma expansão no curto prazo – para ele, o mercado brasileiro ainda tem desafios o bastante para o estágio atual da empresa. “Estamos bem focados por aqui para o ano que vem, pelo menos”, diz Freire.

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