Imagine que cada habitante do planeta consome o mesmo que um brasileiro. Se assim fosse, seria necessário 1,6 planeta para que as gerações futuras pudessem viver decentemente. Agora, se a população do globo levasse o mesmo estilo de vida de um paulistano médio, precisaríamos de 2,5 planetas para garantir nossa sobrevivência.

A pegada ecológica do Brasil é de 2,9 hectares globais por habitante, enquanto a média mundial é de 1,5 planeta. Isso quer dizer que estamos consumindo 50% além da capacidade anual do planeta. Mas como chegamos a esse cálculo?

Apesar deste número ter sido calculado pela WWF no longínquo ano de 2012, ele foi definido por meio do conceito de pegada ecológica, medida usada para estimar o impacto do homem no meio ambiente.

Antes de entender quais elementos são levados em consideração para definir nossa pegada ecológica, o Blog da Trocafone te convida a entender melhor este conceito.

O que é a pegada ecológica?

Criado pelos cientistas canadenses Mathis Wackernagel e William Rees em 1990, o termo “pegada ecológica” é reconhecido no mundo inteiro como uma das formas de medir o uso dos recursos naturais do planeta pelo homem.

A pegada ecológica está diretamente relacionada ao desenvolvimento sustentável, ou seja, ao uso racional dos recursos naturais.

Também conhecida por pegada ambiental, a pegada ecológica é uma estimativa da superfície de terra necessária para atender às necessidades humanas. Essa superfície pode compreender áreas produtivas de terra e de mar, necessárias para gerar produtos, bens e serviços, e produção e destinação dos resíduos gerados, e estão divididas em seis categorias:

  • áreas florestais
  • pastagens
  • áreas de cultivo
  • áreas de pesca
  • áreas construídas
  • carbono

Em outras palavras, a pegada ambiental determina a pressão que o ser humano exerce sobre os recursos naturais e os serviços ecológicos à sua disposição. E quando é preciso usar mais recursos do que a terra é capaz de produzir, entramos em um déficit ecológico.

‍Como se calcula a pegada ecológica?

‍Para determinar a pegada ambiental de uma pessoa, devemos determinar a quantidade de superfície necessária para produzir o que ela consome e a emissão de gases de efeito estufa, principalmente o gás carbônico (CO²) na atmosfera e a presença de poluentes no ar, na água e no solo.


O cálculo é feito somando as áreas necessárias para fornecer recursos renováveis e para a destinação correta de resíduos. A unidade de medida usada é o hectare global (gha), que é o mesmo que a quantidade média mundial de produção para para uso humano e assimilação de resíduos humanos, por hectare de terra e pesca biologicamente produtivas. Ficou difícil? Veja no exemplo abaixo o que é preciso para produzir um quilo de carne:

  • 10 m² de pasto para gado
  • 11 m² de áreas cultivadas para produção de ração para o gado
  • 2,4 m² de superfícies construídas
  • 21 m² de superfícies energéticas para absorver o CO² emitido (emissões de metano da pecuária, transporte, etc.).

‍No total foram necessários 44,8 m² de superfície de terras para produzir um quilo de carne, ou cerca de 0,25% do “crédito” anual disponível por pessoa (WWF).

Outro exemplo, dessa vez do nosso armário, é a calça jeans. Para produzir uma única peça são necessários cerca de quatro mil litros de água, o equivalente a uma emissão de 33,4 quilos de carbono, o mesmo valor estimado para 111 km percorridos em uma viagem de carro. Esse mesmo cálculo pode ser aplicado a camisetas, blusas, sapatos e outras peças do vestuário (ONU Meio Ambiente).

Já para produzir um litro de leite são utilizados mil litros de água, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Entendeu por que precisamos repensar nossos hábitos?

Seu smartphone também deixa uma pegada

Como já vimos aqui no blog, os principais componentes usados ​​para fabricar um smartphone têm grande impacto na vida das pessoas e do planeta. Um estudo realizado pela consultoria ambiental Trucost para a ONG Friends of the Earth apontou que produzir um smartphone demanda 18 m² de área terrestre e 12.760 litros de água (o equivalente a cerca de 160 banhos de acordo com cálculos da ONG).

Dois quintos dessa água se deve a poluição nas fases de fabricação e montagem de componentes. O restante é usado na produção de embalagens, responsável por mais de 50% da pegada ambiental de um smartphone. É por isso que na Trocafone optamos por embalagens de papelão, material mais sustentável pelo alto nível de reciclabilidade e curto tempo de decomposição.

Já matérias-primas como colas e plásticos, sem contar seus processos de mineração, foram responsáveis por mais de 39% da pegada ecológica dos aparelhos. A fabricação dos componentes e a montagem de um smartphone representaram a maior pegada hídrica de todo o processo, com aproximadamente 40% da água total. Desses 40%, cerca de 95% provêm de água cinza, a água residual, usada para diluir poluentes.

Outro estudo indica que fabricar um novo smartphone representa de 85% a 95% das emissões totais de CO2 do aparelho ao longo de seus dois anos de vida, principalmente por conta da extração dos materiais raros que fazem parte do aparelho. Isso significa que comprar um novo smartphone gasta tanta energia quanto recarregar e usar um smartphone por uma década inteira.

Pegada ecológica X pegada de carbono X pegada hídrica

‍Não siga a pegada errada. Pegada ecológica, como vimos por aqui, mede a área do terreno, em hectares, necessária para o consumo de um indivíduo, enquanto a pegada de carbono mede a quantidade de gases de efeito estufa emitidos por um indivíduo, um produto ou uma entidade.

A pegada de carbono constitui um importante traço do homem na natureza e faz parte do cálculo da pegada ecológica. O cálculo da emissão de carbono representa 56% da pegada ecológica média global, ou seja, mais da metade da superfície bioprodutiva necessária para os humanos atenderem às suas necessidades e é usada na tentativa de diminuir a emissão de CO² de nossas atividades.

Também presente no cálculo da pegada ecológica, a pegada hídrica, como indica o nome, mensura o volume de água doce (litros ou metros cúbicos) utilizado ao longo de toda a cadeia de produção de um bem de consumo ou serviço, monitorando os fluxos de água reais e ocultos.

Pegada ecológica da humanidade

A pegada ecológica global é de aproximadamente 18 bilhões de gha, enquanto a biocapacidade global é de aproximadamente 12 bilhões de gha. Em outras palavras, a demanda da humanidade excede a oferta do planeta em 50%: 

A Global Footprint Network calcula que, entre 1961 e 2008, a pegada ecológica mundial subiu de 2,4 gha para 2,7 gha por pessoa, o que fez com que o planeta Terra entrasse em déficit ecológico. Isso porque alguns países são considerados devedores ecológicos, tendo consumido mais recursos do que têm disponíveis. 

De qualquer forma, os países industrializados têm sentido a pressão internacional a favor da proteção do meio ambiente. Com uma pegada ecológica 20 vezes maior que a dos países menos desenvolvidos, os Estados Unidos, o Catar e os Emirados Árabes têm uma pegada ecológica per capita de mais de 8 gha, cerca de três vezes mais do que a média global. 

Enquanto a República Democrática do Congo precisaria de meio planeta, os EUA precisariam de 5 planetas. Em outras palavras, a pegada ecológica de um americano é pelo menos 10 vezes maior do que a de um congolês. 

Para os brasileiros, a boa notícia é que, de acordo com a mesma organização, o Brasil conta com uma boa reserva de superfície bioprodutiva para atender às suas necessidades ambientais. 

Mas nem tudo são flores. Quando o assunto é emissão de gases de efeito estufa no Brasil, um dos indicadores calculados na pegada ecológica, o levantamento do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), mostra que o país elevou em 28,2% a quantidade desses gases despejados na atmosfera, fazendo com que o Brasil ocupe o 6º lugar entre os maiores emissores de gases de efeito estufa, com 3,2%

do total mundial. E as emissões per capita do Brasil também são maiores que a média mundial. Em 2019, a média de emissão de CO2  por brasileiro foi de 10,4 toneladas brutas, contra 7,1% da média mundial.

Como diminuir a pegada ecológica?

Em primeiro lugar, descubra a sua pegada ecológica! Na internet você encontra diversas maneiras de calcular seu impacto. No site Pegada Ecológica, por exemplo, você encontra uma calculadora desenvolvida para a análise da população brasileira, com questões específicas sobre alimentação, moradia, bens, serviços, tabaco e transporte. A “Ecological Footprint Calculator”, da Global Footprint Network, também oferece uma versão com diferentes questões em português.

Cálculo feito, fique de olho nestes quatro quesitos abaixo e lembre-se: ao se preocupar com cada um eles, você terá benefícios na sua saúde, no bolso e estará contribuindo para um mundo melhor.

Reveja sua alimentação

Calma, não pense que você será julgado por comer carne. Mas não custa refletir que a pecuária — tanto de carne, quanto de laticínios — é responsável por 14,5% das emissões globais de gases do efeito estufa. Apenas um dia sem carne ou derivados do leite pode reduzir sua pegada de carbono. Além disso, em 24 horas sem carne, leite ou ovos, você deixa de emitir 11 quilos de CO² para a atmosfera e economiza 60 litros de água. 

No mais, busque alimentos locais e da estação. Transportar e resfriar alimentos vindos de longe por caminhão, navio, trem ou avião, consome combustíveis fósseis. Procure ainda reduzir o desperdício de alimentos planejando as refeições com antecedência, congelando o excesso e reutilizando as sobras em outras receitas ou na compostagem.

Repense seus hábitos de consumo

Itens modernos e baratos saem de moda rapidamente e costumam ser despejados em aterros, onde produzem metano à medida que se decompõem. Além disso, grande parte dos produtos vêm de outros países, portanto, usam combustíveis fósseis, que contribuem para o aquecimento global. Em vez disso, invista em produtos de qualidade. Melhor ainda se eles forem usados, seminovos, de segunda mão ou reciclados. 

Na próxima compra, leve sua sacola reutilizável para evitar embalagens excessivas. E se você estiver procurando por um novo computador, prefira um laptop no lugar de um desktop, que gasta menos energia para carregar e operar. Aproveite para apoiar e comprar de empresas ambientalmente responsáveis ​​e sustentáveis.

Aprimore sua rotina em casa 

Em casa, economia é a palavra-chave. Procure identificar vazamentos, começando por consertar aquela torneira que está sempre pingando.Junte roupas para lavar e passar de uma só vez. Falando nisso, lavar duas cargas da máquina por semana em água fria, em vez de água quente ou morna, pode economizar mais de 200 quilos de dióxido de carbono por ano. Outra ideia é aproveitar a água da chuva para lavar calçadas e evitar a mangueira para lavar o carro. 

Mude sua forma de transporte

Fazer mudanças em como você se locomove pode cortar significativamente sua pegada ecológica, além de contribuir para sua saúde. Dirija menos, caminhe, use transporte público, carona ou bicicleta, quando possível. Isso não apenas reduz as emissões de CO², mas também diminui o congestionamento do tráfego e a marcha lenta dos motores que o acompanham. Economize o ar-condicionado enquanto dirige, mesmo quando o tempo está quente.

Já que um dia seremos reconhecidos pelas marcas que deixamos no mundo, não custa nada levar uma vida sustentável e prestar atenção à nossa pegada ambiental. Experimente mudar!

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